29 DE SETEMBRO 2008 (Segunda-feira)


Para nossa surpresa, os Kuikuros chegaram bem cedo no porto, mas já estávamos de partida. Saímos de lá às 7h40, em direção à BR-80. O Sérgio pretendia parar em uma aldeia para visitar um velho amigo, de nome Patacu, da expedição de 1958. Ele foi cozinheiro daquela expedição que colocou o primeiro marco do Centro.

À tarde, chegamos a uma aldeia dos Kamaiurás. O Sérgio conheceu a filha de Munhum, que foi também seu amigo nas viagens que fez por Clique na foto para ampliarvários anos ao Xingu. Como havia neste local muitas pedras no rio, um grupo de índios nos ajudou na estreita travessia com as nossas quatro canoas. Logo a seguir, como já era tarde, resolvemos montar um acampamento e os índios simplesmente ficaram nos observando, depois retornaram à aldeia. Momentos mais tarde voltaram armados de flechas e bordunas e nos disseram: — Vocês precisam partir ainda hoje, pois recebemos um rádio de Pavuru informando que vocês devem ir para lá hoje.

Não tivemos alternativa. Levantamos acampamento e partimos para Pavuru. De repente, formou-se um grande temporal e houve um  banzeiro, que é um vento forte encanado no rio. O rio fica todo encapelado e é perigoso viajar nessas condições, principalmente à noite. Por sorte, avistamos luzes à margem Clique na foto para ampliardo rio. Eram mulheres que estavam tomando banho. Fomos até lá e verificamos que se tratava de uma aldeia Trumai. Elas levaram o Tito à presença do chefe Aroldo. Momentos depois, o Tito regressou ao porto dizendo que Aroldo havia nos autorizado a dormir na aldeia. 

Ele nos recebeu muito bem. Trata-se de uma figura simpática, domina bem o português e está bem atualizado em relação ao presente momento em que vivemos. Ele nos acomodou na casa comunitária, local onde todos preparam suas comidas. Foi um dos melhores momentos da nossa expedição.

O Aroldo tem um filho que se chama Mataiá, grande pescador de piraíba ou filhote. Seu neto é o Aruiavi, tem 11 anos, e é filho de outro filho do Aroldo, chamado Aluari. Aroldo é casado com uma índia Suyá, já bem velha, que se lembra de quando o Sérgio deu um tiro na aldeia, a mando do Cuiuci. Ela e todos tremiam de medo na aldeia, pois o tiro foi dado no porto, cerca de 300 metros da aldeia.

Essa aldeia Trumai só tem 37 pessoas. Sua língua não pertence a nenhum tronco linguístico conhecido. Povo hospitaleiro, não nos pediram absolutamente nada. Apenas nos venderam colares e peixe defumado. Nesta aldeia, o Sérgio conheceu a viúva do Pionim, que foi criado pelos Irmãos Villas Boas, e que era também seu amigo. Foi o índio que mergulhou para recuperar a espingarda do Sérgio e a máquina fotográfica do Murilo no episódio da onça que subiu na canoa, isso lá pela década de 1950. O cacique dos Trumais chama-se Maricauá, e estava na conferência de saúde. A aldeia tem um representante em Canarana, o Alupá. Ele trabalha no escritório da Associação de Terra Indígena do Xingu (ATIX).


Retornar para página anterior Inicial Avançar um Dia